Regulamentada em 2011, a União Homoafetiva – entre pessoas do mesmo sexo, rompeu as barreiras dos grandes centros urbanos e chegou a várias cidades do interior paulista.
Em Mogi Mirim, a primeira união entre mulheres ocorreu entre Tatiane Cisternas Vattuone, de 27 anos, e Naiara Pereira dos Reis Silva, de 20 anos. A união foi consumada na última quinta-feira, 14, no Cartório de Registros Civil.
Desde os 16 anos, Tatiane notou que sua predileção afetiva era por pessoas do mesmo sexo. No início, a família e algumas pessoas apontaram certo preconceito em relação a sua opção sexual. “Sofri preconceito no início. Não foi fácil. Pensei que o problema era comigo”, destaca Tatiane.
Pressionada sobre suas escolhas, a adolescente, na época, procurou até uma igreja evangélica para tentar contornar a situação. “Pensei que estava endemoniada ou perturbada. Mas descobri que era o que eu realmente queria”, confessa.
Tatiane teve relacionamentos com homens para manter o padrão estipulado pela sociedade, mas intimamente não se sentia feliz. “Não era o que eu desejava. Não deu certo. O importante é ser feliz”, confessa.
Sua companheira, Naiara, também acumulou experiências em relacionamentos com homens, mas desde que conheceu Tataine, notou que sua opção sexual era voltada para pessoas do mesmo sexo. “Larguei do meu namorado para ficar com a Tatiane. Desde que a vi, me apaixonei”, declara Naiara.
A união entre Tatiane e Naiara transcende obstáculos do preconceito e um filho está nos planos do casal. O planejamento é que Naiara gere uma criança através de um óvulo fecundado de Tataine por inseminação artificial. “Temos projeto de ter uma criança. Mas gerada pela Naiara. Mas antes precisamos alcançar outras metas”, informa Tatiane.
Os nomes estão até definidos. Se for menina, deve-se chamar Lorena, escolhido por Naiara. Agora, se for menino, Tatiane declara que Ruan Pablo foi o nome escolhido por ela.
Na ordem das prioridades do planejamento familiar de Tatiane e Naiara está casa própria, casamento, carro e filho. As duas primeiras o casal já alcançou, restando agora os dois últimos sonhos. “Queremos ter tudo certinho para receber nosso filho com comodidade e estrutura”, enfatiza Naira, que não vê a hora de gerar uma criança.
O dia a dia de Tatiane e Naiara é idêntico a qualquer outro casal heterossexual. As duas caminham de mãos dadas pelas ruas, fazem obrigações domiciliares juntas e trocam caricias em público sem nenhuma preocupação com o repudio de pessoas avessas à união. “Ninguém vem bater na minha porta para me dar um prato de comida. Então, não devo nada a ninguém”, esclarece Tatiane.
Foi no ambiente de trabalho que Tatiane e Naiara se conheceram. Naiara relembra que o primeiro beijo ocorreu em 18 de setembro de 2012, dia que oficializou o início do namoro. “Senti uma coisa diferente. Foi especial. Ela me cativou muito”, descreve Naiara.
Atendentes de Call Center, Tatiane confessa que Naiara é a mais ciumenta da relação. “A Naiara não esconde o ciúmes. Ela fala na hora e não controla as emoções. Eu tenho ciúmes, mas sei administrar mais”, explica Tatiane.
Na relação amorosa, Tatiane e Naiara declaram que não existe pré-determinado ativo e passivo. “Somos carinhosas de forma mútua. Não existe uma determinação”, encerra Naiara.
Marcelo Gotti
Fonte: http://www.acomarca.com.br/?p=785
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